Slowburner é Élvio Rodrigues. Um piano voador com single e álbum novo.
Às vezes é preciso mudar os móveis do lugar. Desarrumar. Esqueçamos por um momento as prateleiras ordenadas da música. Pop, rock, clássica ou electrónica. Pensemos em música sem classificações, como a vida, orgânica, imprevisível e misteriosa, aceitando que não conseguimos decifrar tudo, a partir de uma música instrumental de sensibilidade clássica, onde o piano é omnipresente, bem como os ambientes e uma consciência que parece pop.
Élvio Rodrigues é Slowburner. É da popular ou da clássica? Da aprendizagem formal ou autodidata? O que interessa por agora é que existe um single e um videoclipe (“All the possibilities of the universe”) para mergulhar, e um álbum (“Life Happens In The Interim”) para decifrar.
São nove temas de notas ou cascatas de piano, sons concretos do quotidiano (o mar, as ruas, as crianças), ambientes e ocasionais motivos percussivos. Um território híbrido, seu. Mas ao qual se pode tentar dar uma família, ou várias famílias, porque não existe uma nomenclatura consensual para os nomear. Neoclássicos, pós-clássicos, clássicos modernos, são algumas dessas denominações que foram sendo arremessadas para o espaço público nos últimos anos, no fim de contas, refletindo a dificuldade em situar a música de Nils Frahm, Ólafur Arnalds ou Max Ritcher, em fórmulas estáveis.
Slowburner está, e não está, aí. Está num ponto de confluências, onde se incluem diversos elementos sonoros e diferentes formas de os experimentar, com essa certeza de que é música que é capaz de transformar a relação connosco próprios, e a realidade circundante, através de sons calorosos e intimistas, mostrando que a realidade é por vezes mais fascinante, porque imperfeita e imprevisível, do que as prateleiras onde a tentamos arrumar.
Entrada: 5 euros