“O Fantasma” (João Pedro Rodrigues; 2000; 87′)

Sinopse: Um cão ladra e esgravata uma porta fechada. Uns olhos e uma boca por trás de uma máscara de borracha negra. Sérgio construiu um mundo à sua medida.
Perseguido por um desejo insaciável, só joga a ganhar. Indiferente a tudo, passa os dias entre o quarto alugado numa pensão barata, sexo anónimo com outros homens e o trabalho na recolha do lixo na zona norte de Lisboa. Há muito que adormeceu numa infância que só partilha com Lorde, o cão de guarda do posto, insensível às sombras que tentam cercá-lo: o amor de Fátima, uma colega do trabalho; a estranha vigilância de um polícia; o desejo ambíguo do capataz… Mas uma noite os seus olhos encontram o fantasma dos seus sonhos e acorda na obsessão do amor.
Enfeitiçado, espia-o. Remexe-lhe o lixo. Segue-o. Invade-lhe a casa. Urina-lhe a cama, marcando o território como um cão. Agora não comanda o jogo mas avança, mesmo sabendo que só pode perder. O cerco fecha-se. E as mãos que queriam acarinhar ficam algemadas, viciadas na rejeição. Só lhe resta a vingança. A máscara do desejo, o fato de borracha negra, transforma-se na sua última morada. Refugia-se no caos, nos restos que o mundo já não quer. Está sozinho. Já não é deste mundo.