Em diálogo com a exposição silêncio noir, de Luanda Francine, apresentada na Casa do Comum entre 23 de Abril e 11 de Maio, propomos o programa de cinema ruído coral. São 4 sessões em que apresentamos um conjunto de filmes que, numa deslocação do olhar humano, revelam coexistências inter-espécie e surpreendentes modos de relação entre elementos naturais.
Sessão #1:
Şêro, Mustafa Efelti (12’19’’/Turquia/2022)
Um menino que vive em um pequeno vilarejo na Mesopotâmia esconde seu amado cachorro em um campo, em um vilarejo onde os cachorros não são tocados ou permitidos dentro de casa devido a códigos tradicionais e sectários. Após saber por um aldeão que será punido com o fogo do inferno após a morte por tocar no cachorro, a criança se vê em um dilema interno e em uma interrogação, que também leva seu pai a um questionamento.
Mr. Pink: A Revolução Felina, Victor Viana (8’/ Brasil/ 2024)
Sr. Pink, um gato cor-de-rosa feito de papel machê, está revoltado com as condições impostas aos animais. Ele se comunica com gatos domesticados através de uma transmissão ao vivo na internet. No momento em que conclama os gatos a se rebelarem contra a tirania humana, seu dono o surpreende, interrompendo seu discurso incendiário. Agora, Sr. Pink tenta convencer seu dono a deixá-lo retomar sua fala sobre a revolução felina.
Empath 0.1, Caner Uygur Yıldız (2’55’’/ Turquia/ 2024)
Como é ser um animal não humano? Explorando essa questão, fazemos uma viagem através dos olhos dos animais. Este curta-metragem experimental com elementos utópicos tem como objetivo retratar uma experiência de construção da realidade como resultado de encontros, interseções e interações entre animais humanos e não humanos.
Roubar, Luanda Francine (11’/ Lisboa/ 2023)
O que é uma gaiola? O que se enjaula? O filme convida o espectador a conhecer uma gaiola não pelo lado de fora, mas pelo seu lado de dentro. Um deslizamento de lugar, de ponto de vista, por meio da tentativa de ocupar e habitar o espaço interno desse dispositivo, sentir sua atmosfera, seu efeito, seu campo material, seu poder de submeter, colonizar, roubar. Tencionando a posição de quem olha de fora e de quem olha de dentro, o filme conduz a uma zona de indiscernibilidade entre o humano e o animal, onde os animais podem emergir como sujeitos do olhar.