“O mágico enquanto criador de imagens” concilia a apresentação da investigação levada a cabo por José Marques Antunes em torno da possibilidade de a magia ser olhada como linguagem e meio de expressão artística e a exibição de ilusões mágicas originais, por si criadas, que sustentam as suas descobertas. O mágico é um criador de imagens. As imagens por ele criadas são fontes de mistério – fruto da materialização de impossibilidades. A exploração ritualística do mistério é uma expressão do pensamento simbólico do homem do Paleolítico. O assombro perante o inexplicável é um dos seus sustentos. O animismo é um sintoma do pensamento mítico e do pensamento mágico. O olhar que personifica a doença, as tempestades e os animais ou o olhar que compele o ser humano a oferecer uma oração às alfaias antes de as utilizar, atesta uma disposição profundamente animista.
A imagem mágica encanta a razão – a sua criação coincide com uma rutura da sequencialidade temporal, pressupõe a conciliação de elementos opostos e liberta o olhar dos constrangimentos do pensamento lógico. Para além de sintomatizar um desejo de brincar com a identidade dos objetos, a imagem mágica irrompe da rutura da fronteira que aparta o sonho da realidade. O animismo resulta assim de uma sobredeterminação da perceção da realidade pela ordem do desejo.

– Margarida Medeiros, Animismo e outros ensaios.

Evento promovido pela Sociedade Margarida Medeiros.