Se Música para um Crematório representa a profanação da música sacra ou a sacralização da música profana, é difícil determinar ao certo. O projeto, encabeçado por Afonso Patinhas e Miguel Moura, procura criar uma experiência catártica e imersiva, utilizando o drone como veículo para narrar histórias sobre a morte e o efémero.

Em constraste com o disco de estreia, uma composição com um tom mais minimalista e caseiro, II, o segundo disco de Música para um Crematório, vê o projeto ascender para paisagens mais celestiais e voluptuosas. Apropriando-se do poder e magnitude do orgão de tubos, a música adquire uma conotação mais fúnebre e onírica, ajudada pela narrativa que, refletindo o nome do projeto, descreve um crematório utópico no meio do mar, apenas acessível através de uma ponte circular no limite da qual se encontra a estrutura colossal.