Os temas da descolonização, decolonialismo e pós-colonialismo aparecem frequentemente em espaços académicos e artísticos. Porém, como decolonizar ou descolonizar sem mexer nas estruturas verticais da organização do poder, sem transformar as estruturas académicas que refletem formas de dominação colonial e sem questionar a estrutura económica capitalista que promove a escassez e prospera com base nisso? Uma estrutura que eleva algumas pessoas em detrimento de outras? Com sistemas hegemónicos de economia e conhecimento em funcionamento, e enquanto corremos todos, tanto estados como indivíduos, para fazermos parte do seu grupo seleto, será possível romper, de facto, com a colonização?
Estas são as perguntas lançadas em jeito de desafio pelo artista e investigador Marinho Pina no âmbito da 8ª edição de Conversas (In)seguras. Desta vez na Casa do Comum, prosseguindo a natureza nómada e de transumância crítica que caracteriza este tipo de encontros.
Marinho Pina, preguiçoso amador (com esperança de profissionalização). É um artista transdisciplinar e contador de histórias em vários formatos: performa, dança, escreve, toca, canta, poeta, arquitetura, desenha, dorme, etecetera, mesmo aos fins de semanas e feriados. Foi trolha e calceteiro, agora donquixoteia-se por aí e por ali contra moinhos decoloniais, descoloniais, neocoloniais, anticoloniais, contra-colonias, retro-coloniais, qualquer-coisa-colonial, e não achou melhor lugar para isso do que a academia (não o ginásio, pelamordideus). É também arquiteto e assistente de investigação no DINÂMIA’CET–ISCTE onde faz um doutoramento sobre Espaços Sagrados em Bissau. Criado com histórias e risos, acredita na liberdade e no poder da comunhão existente na migração ativa e coletiva entre ouvir e falar.
Organizadores: Maíra Santos, Gustavo Vicente & Gisela Doria (Centro de Estudos de Teatro – Universidade de Lisboa)