Para acabar de vez com Eddy Bellegueule, Édouard Louis
Na próxima sessão do Clube de Leitura do Comum, a 16 de janeiro, vamos falar sobre o livro ‘Para acabar de vez com Eddy Bellegueule’ de Édouard Louis, com tradução de António Guerreiro.
Édouard Louis (1992-), anteriormente Eddy Bellegueule, nasceu e cresceu em Hallencourt, uma pequena cidade do norte de França, num meio pobre, numa família pobre. Cercado por uma realidade social violenta, racista, machista, homofóbica, irrigada pelo alcoolismo, fermentada pela desesperança, o jovem Bellegueule não corresponde às expectativas da família com as suas tendências homossexuais. A certa altura, vislumbra um plano de fuga, perseguindo-o com a mesma esperança com que um presidiário esboroa o cimento da cela com uma colher. Mas é a esse lugar e à compreensão dessas circunstâncias que voltará sucessivamente mais tarde. É o primeiro da sua família a tirar um curso superior, formando-se em sociologia nas mais prestigiadas instituições de ensino em França: a ‘École Normale Supérieure’ e, posteriormente, a ‘School for Advanced Studies in the Social Sciences’.
‘Para acabar de vez com Eddy Bellegueule’ (2014), o seu primeiro livro é publicado quando o autor tinha apenas 22 anos, mas revela já uma maturidade literária e argúcia invejáveis. É uma literatura de combate, com a intenção de incomodar a mentalidade instalada. Um empurrão para qualquer transeunte. O livro relata de forma impressiva, mas também analítica, o seu crescimento em Hallencourt, sendo de uma violência inacreditável. Sentimos o escarro a deslizar sobre a cara. Somos conduzidos a fuçar nesse escarro. O título, que revela o seu sentido ao longo do livro, é apropriado: esta é a história de como Eddy Bellegueule fugiu da sua condição acabando consigo próprio. Mas este gesto não renega a sua origem, não glorifica ou adoça – talvez explique, talvez incomode.
Juntem-se a nós!
Informações úteis:
- Não é necessária inscrição prévia.
- Não é obrigatória a leitura do livro para participar na sessão.
- Dinamizado por Pedro Rondulha Gomes, com a preciosa colaboração de Carla Veiga e Isabel Minhós Martins
- Livro fevereiro: Coração tão branco, Javier Marías (Alice Rocha)