Conversa com Gabriela Wiener em torno dos seus dois livros publicados em Portugal, Sexografias e Retrato Huaco , traduzidos por Guilherme Pires e editados pela Antígona.
Apresentação e moderação de Luana Loria e Amara Moira.
Gabriela Wiener (Lima, 1975) é uma das vozes mais ousadas da nova geração de escritoras latino-americanas. Activista irreverente e provocadora, escreve regularmente para a imprensa espanhola, e distingue-se pela sua «abordagem kamikaze à escrita», quebrando tabus e falando abertamente sobre a sua intimidade. Ganhou um prémio nacional de jornalismo no Peru pelo seu trabalho de investigação sobre a violência contra as mulheres. Em Espanha, faz parte da Sudakasa, uma comunidade de artistas migrantes da América Latina. Escreveu Sexografias (2008), Nueve lunas (2009), Retrato Huaco (2021), finalista do Booker Prize e publicado na Antígona, e o romance Atusparia (2024), vencedor do Prémio Ciutat de Barcelona.
SEXOGRAFIAS (2008) reúne as melhores crónicas de jornalismo gonzo de Gabriela Wiener. Numa prisão peruana, num ritual de ayahuasca em plena selva amazónica ou num clube de swingers, a autora leva-nos pela mão, com humor e amor, e faz-nos reflectir sobre preconceito e ménages à trois, finitude e doação de óvulos, imigração e squirting. Reportagens íntimas que deitam a língua de fora a narrativas convencionais, para abraçarem sem tabus a emancipação, a sexualidade e o prazer.
RETRATO HUACO (2021), nome dado a peças de cerâmica que representavam rostos indígenas e, dizia-se, capturavam as suas almas, funde uma história de família e memórias da colonização de um continente. Quando, num museu parisiense, a autora depara com as estatuetas doadas no século XIX pelo explorador austríaco Charles Wiener e nas quais se reconhece, descobre um rasto de violência e pilhagem, e um filho bastardo que deu origem à sua linhagem. Esta perturbadora herança familiar fá-la questionar, com um humor corrosivo, as suas raízes e identidade – e a forma como elas influenciam as suas relações afectivas.
Luana Loria é investigadora auxiliar no CHAM – Centro de Humanidades e membro do Grupo de Investigação em Estudos Transculturais, Literários e Pós-coloniais do CHAM. Doutorada em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, co-fundou o Projecto-Livraria das Insurgentes, em Lisboa, dedicado à divulgação de livros escritos por mulheres, pessoas trans e não-binárias.
Amara Moira é escritora, professora e activista trans, doutorada em Teoria Literária pela Universidade Estadual de Campinas e com dois livros publicados: E se eu fosse puta (2016) e Neca: Romance em bajubá (2024).
A 10.ª edição do FÓLIO alarga a presença a Lisboa, com uma programação imperdível que atravessa fronteiras, línguas e corpos.
Em articulação com a Casa do Comum, o Instituto Cervantes de Lisboa e a Livraria Ler Devagar, o FÓLIO Mais traz à capital conversas, lançamentos, música e pensamento crítico com autores e autoras de referência da literatura contemporânea.